De que planeta terá vindo Lenny? É esta a questão que muitas vezes apetece colocar quando o jovem craque de 19 anos, cedido pelo Fluminense ao Braga, resolve fazer das suas, ora em toques de habilidade ora em fintas loucas, só ao alcance de verdadeiros predestinados. Quando cola a bola à testa, faz lembrar uma surpreendente foca de circo, mas o reportório do loirinho brasileiro é tão vasto que acaba por ser redutor compará-lo a bichos amestrados, até porque na verdade ele é um verdadeiro rebelde em campo, que normalmente sugere tolerância zero aos defesas contrários. Criado pelos avós paternos Zino e Eunice na vila de Penha, subúrbio do Rio de Janeiro, Lenny Fernandes Coelho depressa despontou para o futebol como se estivesse escrito nas estrelas que o seu destino não podia ser outro. Era pequeno, magrinho, mas a magia que tinha nos pés compensava tudo o resto. No Colégio Pedro II fazia questão de entrar em qualquer pelada; aos sete anos era baptizado de Savinho (numa alusão a Sávio, do Flamengo) pelos companheiros na escolinha de Zico, quase todos mais velhos e calmeirões.
Por essa altura, há muito que Romário tinha conquistado o seu coração. O "fenómeno" Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho, Zidane e até o português Cristiano Ronaldo entraram mais tarde no seu leque restrito de preferências, mas nenhum conseguiu destronar o ídolo eterno de Lenny, que chegava a sentir "raiva" (um misto de inveja e apetite por jogar futebol) quando assistia pela televisão aos jogos mirabolantes do rei "baixinho". Quando se cruzou pela primeira vez com ele em campo, não queria acreditar - Lenny pelo Fluminense, Romário pelo Vasco da Gama. Hoje são bons amigos. Até chegar a este ponto, Lenny lutou contra o tempo num verdadeiro contra-relógio. Descoberto por um olheiro, foi parar ao futsal do Fluminense e foi precisamente nessa modalidade que "aprendeu" a aguentar as cargas do adversário, como chegou a contar numa entrevista concedida ao sítio da torcidatricolor. "Em 2003, o meu treinador Gama fez um trabalho especial comigo, junto com o preparador-físico, o Rodrigo, que foi muito importante para mim. Eu tinha de proteger a bola usando o corpo e o Rodrigo na marcação por trás me batendo de todo o jeito. Eu tinha que segurar ele, tinha que ganhar dez das dez bolas que eles jogavam para mim. Se eu ganhasse nove e na décima perdesse, fazia tudo novamente".
Pouco depois saltou para os relvados, passando primeiro pelos juniores e fixando-se, por fim, na equipa profissional do "Flu" comandada por Abel Braga quando apenas tinha 17 anos. Estreou-se contra o Corinthians e jamais se esquecerá de ter defrontado actuais figurões internacionais como Carlos Alberto (Werder Bremen) e Carlos Tevez, actualmente a caminho do Manchester United. Enquanto impressionava cada vez mais a crítica brasileira, tornava-se na grande referência das fãs do clube tricolor. Escreviam-lhe cartas, mandavam-lhe beijinhos e até lhe atiravam prendas. Parecia ter o Mundo aos pés. Osvaldo de Oliveira e Joel Santana chegaram a dizer maravilhas dele, mas de repente o azar bateu-lhe à porta ao partir o pé esquerdo, lesão que o afastou durante algum tempo dos relvados. A partir daí, passou a ser utilizado muito pontualmente. Ainda ficou ligado à conquista da Copa do Brasil, mas assim que surgiu o convite do Braga, uma oportunidade de ouro para se mostrar na Europa, nem hesitou em aceitar.
in O JOGO |
quarta-feira, 1 de agosto de 2007
O malabarista do Braga - Lenny
Postado por
B_R_A_G_A
às
8/01/2007
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