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sábado, 22 de setembro de 2007

Cantinho do adepto - Crónica do jogo Hammarby 2 Vs 1 Braga

Foi uma derrota que, olhando ao valor que o adversário mostrou em campo, é demasiado amarga. Curiosamente, não estou totalmente de acordo com as opiniões da maioria dos foristas: creio que fizemos uma boa primeira parte, bem mais equilibrada que as exibições em qualquer das últimas partidas; durante a segunda parte, concordo, a equipa perdeu-se e permitiu que a espaços um adversário tão frágil mas voluntarioso equilibrasse, mesmo territorialmente, a contenda. Apresentamo-nos com algumas alterações, embora no 4-3-3 habitual: Carlos Fernandes como lateral-esquerdo e Frechaut no eixo da defesa; Jorginho no papel de JVP; Lenny e Wender nas alas (rendendo Zé Manel e Hussaine) e Linz no eixo do ataque. A equipa entrou com boa atitude, dominadora chegando com facilidade à área adversária mercê da capacidade do nosso meio-campo em recuperar a bola ainda no meio-terreno contrario: Vandinho conseguiu jogar mais adiantado do que nas últimas partidas, não só porque o adversário não colocou grandes problemas defensivos como também porque a utilização de Jorginho permite uma ocupação dos espaços que com JVP não é possível (porque evidentemente não faz parte das suas características). À saída para o intervalo, tal o domínio exercido (praticamente não permitimos que os suecos entrassem no nosso meio-campo), tais as oportunidades de golo criadas (e falhadas com algum azar à mistura), não só o resultado tinha algum sabor a injustiça como parecia impossível que não viéssemos a sair daquele estádio com a vitória. Nem tudo funcionou na perfeição durante o primeiro tempo, nomeadamente nas faixas, que viveram das subidas dos laterais, face a alguma inoperância quer de Wender, quer sobretudo de Lenny. O domínio durante o primeiro tempo viveu da dinâmica do meio-campo, de Vandinho e sobretudo de Jorginho, autor de uma boa exibição – aliás, já havia deixado muito boa impressão nos poucos minutos em que esteve em campo, em Setúbal. O segundo tempo parecia iniciar-se na mesma toada, com Wender a chegar atrasado a um cruzamento de Lenny, após simulação(?) de remate de Linz ao primeiro poste. Só que na primeira descida com um mínimo de perigo dos suecos, num contra-ataque rápido com mérito do ponta-de-lança adversário, mas muita permissividade dos nossos defesas (e eram três!), o Hammarby faz o golo impensável... A partir daqui o jogo tem outra história. A equipa perturbou-se, desuniu-se, perdeu sentido posicional, ao passo que o adversário ganhava confiança e incrivelmente passava a repartir o jogo conosco. As falhas no passe, as perdas de bola sucediam-se retirando fluidez ao jogo, com a agravante de permitirem ao adversário ensaiar o contra-ataque. Apesar de tudo, acabamos por alcançar o empate num lance sensacional de Linz após um bom cruzamento de João Pereira. Parecia o tónico que faltava para a equipa se tranquilizar e voltar a assumir o controlo da partida. Só que, do meu ponto de vista, o nosso banco cometeu nesse momento um erro grave: o lançamento de JVP em substituição de Lenny, retirou protagonismo a Jorginho (até então o nosso melhor elemento), remetendo-o para o flanco direito, retirando para além disso alguma consistência ao nosso meio-campo – a capacidade física e as características de Jorginho não são idênticas às de JVP; o próprio posicionamento de ambos não é exactamente igual – Jorginho pode e sabe jogar “em linha” com Vandinho, JVP tende a posicionar-se um passo à frente, mais de acordo com a sua vocação. Terminou aí o controlo das operações a meio-campo; o jogo tornou-se mais pastoso e lateralizado e aumentou a nossa vulnerabilidade ao contra-ataque dos suecos com constantes perdas de bola e passes errados. Infelizmente, para piorar o cenário acabámos por sofrer mais um golo de bola parada (é o quarto em cinco jogos oficiais!), este com responsabilidades para Dani, embora também seja verdade que deveria ter saído alguém da barreira a oferecer o corpo à bola – de todo o modo, a bola entra pelo meio da baliza! Se as coisas já não estavam bem, pior ficavam, com a equipa agora em desvantagem e sem demonstrar capacidade para criar futebol ofensivo, até porque jogadores havia que davam mostras de terem “estoirado” (Wender de forma evidente). Concordo que Jorge Costa foi neste momento demasiado passivo. Penso que deveria ter refrescado o ataque mais cedo. E talvez não tenha sido avisado remeter Zé Manel para a bancada. O jogo arrastou-se até final, com os suecos remetidos a uma defesa porfiada e com a nossa equipa a tentar, mas sem o discernimento e o vigor necessários, apesar de aqui e ali o perigo ter rondado a baliza adversária. Parecia incrível que a uma equipa manifestamente inferior tenhamos permitido que dividisse conosco o jogo em largos espaços da segunda metade! O jogo terminava com um resultado impensável para quem pôde avaliar o valor deste adversário durante a partida. Quanto à exibição... Sei que a imagem que fica é a última e essa foi má. Para lá do erro táctico que do meu ponto de vista Jorge Costa cometeu durante a segunda metade (e que acima expus), não se percebe como pode uma equipa tão superior, numa eliminatória a duas mãos, intranquilizar-se da forma que se viu após sofrer um golo do adversário. Parece-me que os jogadores não estão a conseguir lidar com a pressão de tão altos objectivos, sublinhada aliás pelas palavras de António Salvador à TV antes do jogo (“não há margem para erro”). Não sei até que ponto a situação que se terá passado após o Braga-Estrela não terá contribuído para um clima de tensão na equipa, porque, como disse na altura, creio que a posição de Jorge Costa saiu fragilizada. Mas para quem está de fora é difícil avaliar estas situações... Mas é preciso também dizer que, mau grado a fragilidade do adversário, fizemos uma boa partida durante o primeiro tempo, bem mais equilibrada do que nos últimos jogos. Há que manter uma estabilidade emocional e física durante os 90 minutos, há que repetir o equilíbrio patenteado na primeira parte durante toda a partida, sob pena de, deixando o nosso nível futebolístico descer aos níveis que mostrámos na segunda metade, podermos sair derrotados por qualquer adversário.
crónica cedida por [Pedro Ribeiro]
texto retirado de [superbraga.com]

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