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terça-feira, 25 de setembro de 2007

O Cantinho do adepto - Crónica do jogo Braga Vs benfica

Pode considerar-se o resultado justo embora, em vista das oportunidades de golo criadas pelas duas equipas, tenhamos estado mais próximo da vitória que o Benfica, equipa que mostrou sempre grandes dificuldades no plano ofensivo. No nosso onze inicial, uma “surpresa”: a entrada de Castanheira para o meio-campo, derivando Jorginho para o flanco direito – afinal, uma hipótese que antes do jogo tinha considerado embora qualificando-a como remota. De resto, nota apenas para a reentrada no onze de César Peixoto o que não constituiu propriamente uma surpresa – não seria contudo a minha escolha para o posto de lateral-esquerdo, se fosse eu a escalar o onze inicial. O nosso 4-3-3 com Castanheira é diferente do habitual (e mais próximo do que apresentávamos com Jesualdo): Castanheira, sendo um jogador mais cerebral e gerindo melhor a posse de bola, joga em linha com Vandinho, cabendo a cada um deles a cobertura do espaço à esquerda e à direita do meio-campo, repectivamente. Com João Pinto, pelas características deste, não é exactamente assim: JVP joga “um passo” adiantado relativamente a Vandinho, exigindo a este uma maior capacidade de desdobramento e em teoria, obrigando os extremos a um maior esforço no vai-vem sobre a sua ala. No papel, este 4-3-3 com Castanheira é no entanto mais simples de interpretar e permite uma ocupação mais racional do espaço - ganharíamos previsivelmente maior consistência defensiva a troco talvez uma menor presença na área – pede-se aos extremos que se juntem ao ponta-de-lança alternadamente, em situações de ataque de forma a minorar essa potencial desvantagem. A verdade é que entramos muito bem, pressionando em todo o campo, ganhando constantemente a bola em terrenos adiantados e trocando-a com qualidade. Foram quinze minutos muito bons em que ao Benfica não foi permitido ensaiar um lance de ataque sequer – a não ser um lance de contra-ataque muito perigoso na sequência de um pontapé de canto a nosso favor. Foi aliás neste tipo de lances – transições rápidas ensaiadas pelo Benfica, normalmente em contra-ataque - que mais dificuldades tivemos, sobretudo após o Benfica ter conseguido equilibrar mais as operações a meio-campo. Concordo com um forista que afirmou que um dos problemas da nossa equipa foi (e é) a excessiva distãncia que abre entre o bloco defensivo e o bloco mais avançado que faz a primeira linha de pressão – nas costas do ponta-de-lança Linz, quando em situações defensivas, surgia uma linha de pressão formada por Zé Manel, Castanheira, Vandinho e Jorginho, sempre bastante adiantada no terreno: Nas suas costas um espaço tremendo: a linha defensiva quase sempre demasiado recuada (talvez a falta de velocidade da maioria dos elementos que a compõem, na ausência de Rodriguez, o possa explicar) e um Madrid, do meu ponto de vista em claro défice físico, incapaz de fazer a cobertura desse espaço que o Benfica aproveitou fundamentalmente através dos seus homens mais velozes, Di Maria e Rodriguez. Também é verdade que falta alguma velocidade e pulmão a alguns dos homens que compunham essa nossa primeira linha de pressão, o que foi colocado em evidência em vários lances de contra-ataque adversário. De modo que, a qualidade que revelámos em posse de bola (apesar do último passe ou cruzamento raramente ter saído) não teve correspondência ao nível da nossa capacidade de neutralizar as transições rápidas adversárias. Sentia-se que, apesar do bom jogo que vínhamos fazendo (como, ao contrario da maioria das opiniões, fizemos no primeiro tempo na Suécia), com supremacia a meio-campo, a equipa apresentava uma vulnerabilidade ao contra-ataque adversário que poderia de um momento para o outro pagar com um golo sofrido. O intervalo chegou contudo antecedido por um lance que poder-nos-ia ter dado a vantagem, não fora a grande intervenção de Quim ao cabeceamento de Linz, lance que sublinhava o nosso predomínio territorial e predisposição atacante no primeiro tempo. Na segunda metade, o Benfica entrou com a intenção de ter mais iniciativa de jogo. O jogo tornou-se mais repartido, mas curiosamente, o Benfica foi para nós menos perigoso já que mostrou uma grande incapacidade para criar quando em ataque continuado. Foi notório contudo o nosso défice físico à medida que a segunda parte ia decorrendo, sobretudo a meio-campo, o que nos ia remetendo cada vez mais a uma postura mais retraída, com o Benfica a beneficiar de mais posse de bola, embora sem criar grande perigo – o melhor que conseguiu foi meia dúzia de pontapés de canto. Jorge Costa mexeu então refrescando a equipa através do lançamento de Lenny e Wender para as alas (por um pouco profícuo Zé Manel e um extenuado Castanheira), fazendo derivar Jorginho para o meio-campo, curiosamente para a esquerda, mantendo Vandinho sobre a direita, talvez por ter percebido que, apesar das fragilidades de César Peixoto, o perigo que Maxi Pereira representava era pouco menos que nulo. Curiosamente, Camacho em face das nossas notórias dificuldades físicas havia já dado uma mão, não forçando o ataque – trocara Nuno Gomes por Cardozo (que se viria a revelar uma nulidade) e retirara Di Maria para colocar Assis, eliminando boa parte da capacidade do Benfica nas transições rápidas e em particular no contra-ataque; mantendo Maxi Pereira e com isso não forçando a exploração do nosso corredor esquerdo. A nossa equipa voltou a melhorar, criando alguns lances de perigo, embora com alguma dificuldade no confronto a meio-campo (Madrid, estóico, mas de rastos). Éramos nós agora quem apostava nos lances em velocidade, em particular através de Lenny, que num pontapé de fora da área poderia ter-nos dado a vitória não fora uma vez mais Quim. Parece-me que, não tendo feito um jogo excepcional, mostramos qualidade para nos batermos de igual para igual com o Benfica e confirmamos a melhoria de nível de jogo que já fora patente na primeira parte do jogo da Suécia. O jogo contudo não testou (felizmente) a nossa capacidade de reacção à adversidade (teste que falhamos na Suécia) e mostrou que não estão completamente resolvidas as debilidades defensivas que vimos demonstrando, em particular frente a equipas com boa capacidade para contra-atacar em velocidade. Para além disso (e em parte justificando-o), parece-me haver algum défice físico em algumas unidades importantes. Teremos um novo teste complicado na próxima quarta-feira frente a uma equipa vocacionada para o contra-ataque (como ainda ontem mostrou em Alvalade) que nos permitirá aferir até que ponto seremos capazes de resolver ou pelo menos mitigar as nossas fragilidades...
Texto de [Pedro Ribeiro]
Retirado do [superbraga.com]

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