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sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Cantinho do adepto - Crónica do jogo Braga Vs Hammarby

Uma vitória que valeu um primeiro objectivo da época. Uma vitória justa mas que não foi tão fácil quanto o resultado deixa transparecer. Houve alguns momentos de bom futebol (o quarto golo é sublime!) mas creio que a equipa, mau-grado alguma fragilidade do adversário, voltou a mostrar algumas das debilidades que jogo após jogo se lhe vêm notando.

Jorge Costa cumpriu o prometido e procedeu apenas a uma alteração (forçada) ao onze que apresentara em Guimarães: entrou Zé Manel para o flanco direito, derivando Jorginho para a posição habitualmente ocupada por João Pinto. Pelo posicionamento em campo dos jogadores, pareceu-me que Jorge Costa incumbiu Zé Manel de maiores cautelas defensivas (por comparação com o que sucedeu com Wender no flanco oposto) por forma a permitir alguma maior liberdade de movimentos a Jorginho. Entendo a intenção, creio até que se impõe num esquema deste tipo que haja mais alguém que possa auxiliar os homens do meio-campo com funções mais defensivas, mas Zé Manel mostrou não estar talhado para esse papel – aliás, como já antes dissera, em vista dos alas que fazem parte do plantel, não vejo quem tenha capacidade para o fazer com competência. Zé Manel é um jogador não particularmente dotado tecnicamente ou sequer muito criativo cujo ponto forte são as arrancadas em velocidade de fora para dentro, em diagonal, visando sempre fazer uso do seu potente remate – é evidentemente um avançado talhado para o contra-ataque (foi-o no Paços de Ferreira e no Boavista). Creio que dificilmente se adaptará a um jogo que o amarre demasiado ao flanco ou o leve para terrenos mais recuados. É difícil enquadrá-lo numa equipa que enfrenta adversários que tendencialmente se posicionam recuados no terreno e não concedem espaços nas suas costas (esmagadora maioria das vezes) – sendo que pode ser útil nas situações em que enfrentemos adversários de outro calibre e com uma postura menos defensiva. Parece-me também difícil encaixá-lo no nosso actual 4-3-3 – acho-o mais talhado para acompanhar um ponta-de-lança de referência, permitindo que deambule pela frente de ataque à procura de espaço para as suas cavalgadas. Esta solução nitidamente não funcionou – nem creio que venha a funcionar na esmagadora maioria das vezes.

A equipa até entrou com vontade – César Peixoto rematou com relativo perigo logo no primeiro minuto. Mas rapidamente começamos a denotar alguma dificuldade em construir jogo de ataque e, pior, iamos concedendo ao adversário oportunidade de se acercar da nossa baliza com relativo perigo (continuam os problemas nas transições defensivas!) – os dois primeiros lances de golo são dos suecos, um deles um lance na sequência de pontapé de canto que redundou em golo na nossa baliza (embora o jogo já estivesse interrompido por falta que honestamente eu não descortinei embora admita que possa ter existido). Os flancos não funcionavam: à direita, Zé Manel era uma nulidade e uma ou outra subidas de João Pereira eram quase sempre culminadas com cruzamentos mal tirados; à esquerda, com César Peixoto activo mas sem capacidade de explosão (tantas oportunidades de cruzamento perdidas!) e Wender pouco em jogo as coisas não funcionavam muito melhor. Restavam os movimentos de Jorginho, com alguma liberdade para apoiar o ataque, o que era manifestamente pouco para romper a defensiva do Hammarby que curiosamente, pelo menos na primeira metade me pareceu melhor organizado do que em estivera em Estocolmo. Pareceu-me curioso o facto de Vandinho ter sido bastante menos empreendedor, tendo-se resguardado bastante e posicionado-se por vezes, em situação defensiva lado a lado com Madrid, transformando o 4-3-3 no papel num verdadeiro 4-2-3-1. Razões de natureza física ou táctica? Não me admiraria que, em face dos problemas que a equipa vem tendo com o ataque rápido dos adversários, fossem motivos tácticos a ditar o seu comportamento menos ofensivo.

O primeiro tempo terminaria sem golos, com a equipa a tentar, com o domínio territorial, procurando o remate, mas sem criar oportunidades claras de golo. Embora fosse evidente a melhor qualidade individual dos nossos jogadores, sentia-se alguma impotência da equipa para criar perigo.

Felizmente a segunda metade abriu com o nosso golo que surgiu de um desequilíbrio provocado por uma subida de Paulo Jorge que com campo aberto criou a superioridade numérica no ataque e cedeu a bola com conta para Wender que (desta vez) não falhou (escusava de ter festejado junto dos adeptos adversários em atitude que pode ser interpretada como provocatória – amarelo bem mostrado!). Tudo mais fácil? Não. Logo na resposta uma saída em falso de Dani poderia ter resultado no golo sueco. Os suecos subiram no terreno e se é verdade que tínhamos mais facilidade em chegar à sua baliza (Wender quase voltava a marcar), o nosso último reduto (defesa e meio-campo defensivo) mostrava a sua vulnerabilidade – Dani salvou de forma brilhate o empate. O golo na nossa baliza não parecia nada impossível.

Tudo mudou com a entrada de Hussaine para o lugar de Zé Manel. Hussaine revolucionou o jogo. Trouxe-lhe imprevisibilidade, trouxe capacidade de transporte da bola, trouxe maleabilidade ao nosso ataque. Sobretudo pelas constantes trocas de posição com Jorginho, por vezes também com Wender. Num desses lances, Hussaine surge na esquerda e cruza com conta para Jorginho, apertado por um adversário cabecear de forma indefensável. A equipa libertou-se então um pouco – até Wender parecia ter recarregado as baterias! O Hammarby tentava agora subir no terreno e concedia mais espaços – a nossa equipa contudo continuava aqui e ali a dar algumas baldas cá atrás, o jogo não estava ainda acabado. Foi Linz quem lhe colocou o ponto final ao converter uma grande-penalidade algo duvidosa cometida(?) sobre Hussaine. Daí até final, ainda tivemos oportunidade de constatar como continuamos com dificuldades defensivas quando o adversário acelera o jogo – creio que há um golo limpo mal anulado ao Hammarby que poderia relançar a eliminatória; ainda tivemos direito a (mais) uma balda de Frechaut (e foram tantas!) que lhe poderia ter custado a expulsão (embora estivesse longe do lance, não creio que tenha tocado na bola); e fomos brindados com o melhor momento do jogo, o quarto golo construído por Castanheira e Hussaine e finalizado (merecidamente) por este.

Independentemente da passagem à fase de grupos, foi óptimo termos vencido com alguns momentos de bom futebol (na segunda metade) e com muitos golos porque a equipa, técnico e adeptos precisavam de uma injecção de confiança para o futuro. Não posso contudo deixar de dizer que há ainda muito a fazer para chegar a um equilíbrio colectivo que, neste momento, do meu ponto de vista, não existe como atesta o número de oportunidades de golo claras que permitimos a um adversário tão débil. Eu pessoalmente não acredito que consigamos lá chegar, mantendo estas opções tácticas, com este plantel, independentemente do que a subida de forma de alguns jogadores-chave poderá significar. Mas enfim, posso estar enganado. Assim espero...
Cronica cedida por [Pedro Ribeiro]
Retirado de [SuperBraga.com]

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